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sábado, 2 de março de 2013

Gestão na Administração Pública



O Expresso apresenta um artigo - Reflexões sobre seis anos de gestão na administração pública, de Luís Meneses, que de forma simples e clara, se pronuncia sobre os grandes problemas da gestão na Administração Pública.

 
 René  Magritte

Quais os problemas essenciais na Gestão dos serviços do Estado?
1.º «A crença num poder mágico da legislação e, em geral, da palavra»;
2.º «A falta de confiança e de responsabilização dos dirigentes»;
3.º «A falta de sentido de urgência»;
4.º «A inexperiência, quando não incompetência, na definição de objetivos»;
,5.º «A inexistência duma cultura de melhoria da eficiência»;
6.ª «A falta duma cultura de cooperação. - O "efeito de silo"»;
7.º «Uma gestão orçamental ineficaz e obsoleta»;
8.º «Um conceito errado de mobilidade»;
     «Na cultura empresarial a mobilidade é valorizada e os programas de treino dos quadros com maior potencial utilizam a mobilidade interna como fator de desenvolvimento, das pessoas e da organização. Cada pessoa nova num serviço traz consigo um capital de experiência e de conhecimentos que de algum modo passa para esse serviço e para o seu património de conhecimentos. Em troca, recebe desse serviço os conhecimentos e a experiência aí acumulados. Por isso, nas empresas bem geridas, a mobilidade é, em geral, reservada aos melhores. Na AP, como se viu nos últimos anos, a mobilidade foi destinada aos "excedentes", quando não aos piores, e portanto foi considerada como um estigma. O resultado foi ter-se liquidado o que poderia ter sido um fator importantíssimo de desenvolvimento das pessoas e de revitalização dos serviços»;
9.º «A desconfiança face ao sector privado»;
 10.º «A falta de competências de liderança»;
«No conceito de Lao Tse, segundo o qual um líder é bom quando as pessoas mal notam que existe, não tão bom quando apenas lhe obedecem e o elogiam, mau quando o desprezam. De um bom líder, quando o trabalho está feito, os liderados dirão "fomos nós que fizemos isto". Este tipo de liderança é praticamente existente na AP, onde em geral os líderes se dividem entre os ausentes, que endossam todas as responsabilidades para os seus superiores hierárquicos, e os autoritários, que decidem sem consulta nem envolvimento dos seus subordinados».


 René Magritte
Quanto ao que há de bom, temos, segundo o autor do texto, o seguinte:
«Para não terminar num tom sombrio, devo referir o que de mais importante está bem na AP, permitindo que, apesar deste contexto, as organizações da AP sobrevivam e, em muitos casos, melhorem o seu desempenho. E que é, segundo creio, o espírito de missão e a noção de serviço público que existe em muitos funcionários públicos, sobretudo nos que têm contacto direto com os cidadãos. Conheci, nestes seis anos, muitos com uma dedicação ao trabalho inexcedível, bem para além do que encontrei no sector privado. Embora, por vezes, sem a consciência de que trabalhar muito não é tão importante como trabalhar bem. Encontrei também muitos trabalhadores desinteressados, desmotivados, com muito baixa produtividade.
É necessário estimular e premiar os primeiros e mobilizar, reconverter ou dispensar os segundos. O que não se faz com salários reduzidos igualmente para todos e prémios e promoções adiadas "sine dia". 
 
 René Magritte
 Uma administração pública mais eficiente, com melhores resultados e menos custos, é possível. Mas exige muita determinação e trabalho, muito trabalho».