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sábado, 20 de agosto de 2011

Os vizinhos de Wolfgang Dirks

Wolfgang Dirks de 44 anos de idade vivia sozinho num apartamento na cidade de Donn, na Alemanha.


                                   Retirada da net
Morreu. Sozinho! (Nada de transcendente, na medida em que cada vez mais pessoas morrem sozinhas porque previamente foram abandonadas).
O insólito para muitos é que Wolfgang foi encontrado morto na véspera de Natal de 1998, já passados 5 anos da sua morte. Isto é, Wolfgang morreu a 28 de Dezembro de 1993.

Guilherme Faria, 1960, Morte de Garcia Lorca

Escusado será dizer que durante os cinco anos, nenhum familiar, nenhum vizinho, nenhum colega de trabalho, ou até um amigo se deu ao trabalho de averiguar o desaparecimento de Wolfgang.
Nem as supostas luzes na árvore de Natal foram visíveis no exterior. Dias e noites sucessivas, Verão a Inverno, sem que qualquer transeunte no seu retiro quotidiano tivesse apercebido, de um comemorar natalício tão longo e sem interrupção.
Mesmo assim, não crítico os vizinhos…



Albert Anker - 1893


Tal como não crítico os vizinhos de Augusta Martinho, residentes no prédio, na Rinchoa (Sintra - Portugal).
Augusta Martinho e Wolfgang ainda que de gerações diferentes tinham algo em comum. Não seriam certamente pessoas de perder tempo com a vida que não fosse apenas a deles. Como também, nada tinham que chamasse a atenção enquadrável nos novos valores da sociedade.
Entre estes dois casos, existem pontos essencialmente diferentes. Neste último, existia: um vizinha e um sobrinho. (Actualmente existem sete herdeiros).
A vizinha de que falo deu por falta de D. Augusta e teve a iniciativa de procurar, no ano do seu desaparecimento – 2002.
Um familiar, - o sobrinho, solicitou várias vezes ao Tribunal de Sintra para que autorizasse o arrombamento da porta da habitação.
 Apelo que não foi ouvido pelas entidades competentes, (Tribunal de Sintra, GNR, PSP) - porque ainda não cheirava mal.
As tentativas de encontrar a D. Augusta não se ficaram pelo ano de 2002. Nos anos seguintes, o sobrinho voltou a tentar que as entidades competentes arrombassem a porta do referido apartamento.  
Mais uma vez, - não cheirava mal, por isso…
As iniciativas pelos vistos foram comprovadas, segundo uma notícia publicada num jornal (que presumo que foram devidamente comprovadas) tal como se transcreve:
- «Sabemos que houve uma participação feita na GNR de Rio de Mouro, através de uma vizinha. Sei também que de facto houve um familiar que procurou a GNR, mas como não tinha chave não se conseguiu entrar no apartamento».
 - «Este caso é muito estranho. Não é normal que ninguém ter detectado maus cheiros vindos da habitação».
Adiantando que «tudo aponta para que tenha sido morte súbita».
(Não deixo de fazer reparo a este comentário – Será que passados nove anos, compete alguém que não seja Médico de Saúde Pública palpitar sobre a causa da morte?
Será, realmente a causa de morte a questão que leva a indignação?)



                                                                Guilherme Faria, 1959 - O Cavaleiro da morte

Insólito foi como realmente o corpo foi encontrado.
D. Augusta é encontrada no dia 8 de Fevereiro de 2011, pela nova proprietária do imóvel, comprado em leilão realizado pelo Ministério da Finanças.
O Ministério das Finanças e da Administração Pública vendeu o imóvel por via de um leilão sem a prévia avaliação do mesmo, isto é, ninguém entrou no apartamento onde se encontra a desaparecida. (A venda em Hasta Pública resulta de uma dívida ao fisco de valor inferior a mil euros).
Não crítico o procedimento tido em conta pelo Ministério no que respeita a venda de imóveis em leilões, por acreditar que a Administração actuou dentro da legalidade, do zelo e prudência que se pauta qualquer acto praticado pela Administração.
Tal como não crítico a Segurança Social, que durante nove anos não se deu conta que os valores mensais correspondentes à reforma, não teriam sido levantados.
Também não crítico o Banco/Correios (se for o caso) que durante nove anos, não se deu conta que a conta bancária não tivesse tido qualquer movimento.
Crítico, o possível inquérito a realizar para apurar todos os factos concretos que caracterizam esta situação que de tão indigna, causa indignação.
(Será necessário abrir um inquérito? As entidades envolvidas nesta situação não estão devidamente identificadas? Será tão difícil, chegar os elementos que tentaram resolver a questão pelo olfacto?).
Note-se que a presente data, o Conselho Superior do Ministério Público mandou instaurar procedimento disciplinar a uma magistrado do Tribunal de Sintra que culminou com sete dias de multa suspensa por um ano.

      Não crítico os vizinhos de Wolfgang Dirks!