O milionário
modelo, de Oscar Wilde é um conto que
bem reflete o erro de seguirmos as aparências. Até, mais do que isso, coloca em
causa a relatividade da contraprestação da atividade laboral.
Alan Trevor
enquanto terminava o retrato de um mendigo que posava para a tela recebe a
visita de um amigo – Hugh que olhando para o velho mendigo lhe dá a única moeda
que tinha no bolso, num gesto de solidariedade e de pena.
Hugh soube
mais tarde que o velho mendigo que pousava para o retrato era o Barão Hausberg,
um dos homens mais ricos da Europa.
Um conto de
1887.
Transcrevo
parte do diálogo:
« - Que
extraordinário modelo! - exclamou Hughie, apertando a mão do amigo.
- Extraordinário - bradou Trevor - que dúvida! Um modelo como este não é encontrado todos os dias.
- Extraordinário - bradou Trevor - que dúvida! Um modelo como este não é encontrado todos os dias.
- Um achado,
meu amigo, um verdadeiro achado. Um Velasquez em pessoa! Céus!
- Pobre velho
- disse Hughie - parece tão miserável. Suponho que para vocês, pintores, uma
fisionomia dessas vale uma fortuna.
- Meu caro Hughie, respondeu o pintor, como quer que um mendigo irradie felicidade.
- Meu caro Hughie, respondeu o pintor, como quer que um mendigo irradie felicidade.
Acomodando-se
no sofá, Hughie perguntou:
- Quanto ganha um modelo para posar, Trevor?
- Um shilling por hora.
- E quanto ganha você com o quadro?
- Esse ai me dará uns dois mil.
- Libras?
- Não, guinéus. Pintores, poetas e doutores só recebem guinéus.
- Pois olhe, Alan, na minha opinião os modelos deveriam receber uma percentagem. O trabalho deles é quase tão árduo quanto do artista.
- Tolices, Hughie! Veja só o trabalho que dá aplicar a tinta na tela e ficar o dia todo em pé, na frente do cavalete. Falar é fácil, mas pode estar certo que há momentos em que a arte atinge a dignidade de um trabalho braçal. Mas deixe de tagarelar. Estou trabalhando e preciso de sossego. Sente e fume.
(…)
- Quanto ganha um modelo para posar, Trevor?
- Um shilling por hora.
- E quanto ganha você com o quadro?
- Esse ai me dará uns dois mil.
- Libras?
- Não, guinéus. Pintores, poetas e doutores só recebem guinéus.
- Pois olhe, Alan, na minha opinião os modelos deveriam receber uma percentagem. O trabalho deles é quase tão árduo quanto do artista.
- Tolices, Hughie! Veja só o trabalho que dá aplicar a tinta na tela e ficar o dia todo em pé, na frente do cavalete. Falar é fácil, mas pode estar certo que há momentos em que a arte atinge a dignidade de um trabalho braçal. Mas deixe de tagarelar. Estou trabalhando e preciso de sossego. Sente e fume.
(…)
Modelos
milionários são muito raros - observou Alan - mas milionários modelos são mais
raros ainda».
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