O mercado de trabalho
não está fácil e por isso quem está desempregado tem como principal objetivo
ter um emprego: ser selecionado ser aceite na organização e receber a sua
remuneração para se manter vivo dignamente.
E tudo o resto vem
depois… o assédio moral.
Não falo da complexidade
das funções, nada de objetivo!
Falo do que é subjetivo mas concreto e
nefasto. Cria dano individual e coletivo.
Falo
do efeito da linguagem obscena nos locais de trabalho.
Há
pessoas que dizem habitualmente palavrões, há ambientes em que as pessoas dizem
permanentemente palavrões. Outras não o fazem. Porquê?
Para
mim e para muitos autores da sociologia do Trabalho a resposta é a mesma: -
Educação.
A
linguagem obscena no local de trabalho tem algum significado e/ou alguma consequência
no local de trabalho? (Há autores que entendem que sim).
Pode
dizer-se que, o uso habitual de linguagem obscena por crianças e adolescentes entre
os colegas da escola deve-se ao facto de os mesmos considerarem que lhes dá independência
e que lhes permite demonstrar o sentimento de revolta em relação à ordem em que
se inserem.
O
movimento estudantil de 1968 foi o exemplo disso, a linguagem obscena serviu
para contestar a violação das normas, contestação perante a autoridade, o
Estado.
Será
que são as mesmas razões para que os adultos mantenham o mesmo tipo de
linguagem no local de trabalho? (Não. As razões são outras, designadamente a
frustração e a falta de ideais).
Segundo
alguns autores da sociologia do trabalho, a utilização de palavrões no local de
trabalho só revela uma única realidade – «ambiente
profissional degradado, locais de trabalho em que as pessoas foram admitidas
por recomendações e não pelo mérito. Onde não há possibilidades de carreiras e
há pouca motivação. Ambientes locais em que todos passam o tempo à espera,
aborrecidos, e então tagarelam, contando uns aos outros os seu episódios de
vida, pintam as unhas, etc. As divisões desaparecem. O ambiente torna-se uma
prisão».
Não
há necessidade de usar uma linguagem com a exatidão de ideias e de objetivos.
Basta
um gesto, basta uma frase: «- Mas que
quer fulano?»
Segundo
o mesmo autor, «A linguagem nivela e destrói
a diferença. Desaparece a inteligência. Transforma tudo em lixo. E, ao mesmo
tempo, cimenta o grupo contra qualquer intruso».
«Se alguém entra nestes escritórios
as vozes elevam-se, as obscenidades multiplicam-se, para os mandar embora».
(A continuidade da fase da adolescência).
A
linguagem obscena no local de trabalho não serve um ideal exprime apenas o ressentimento
de pessoas frustradas que não querem a mudança.
Estes
locais são facilmente detestáveis e detetáveis?
São.
Logo no primeiro dia de trabalho, alguém abrirá a boca e com um só gesto ou uma
só palavra observamos o estado de desordem.
Se
estiver num ambiente tóxico tem duas hipóteses: sair e arriscar encontrar outro
igual ou com sorte, até melhor: ou permanecer e esperar que a civilidade pela
sua ordem natural crie a diferença e regresse a ordem primordial.
Em
Portugal, muitas ações de assédio moral tem por base a linguagem obscena e
ofensiva entre hierarquias e colegas de trabalho.
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