Fica aqui o registo de parte do artigo de opinião a "Nostalgia das causas" em sequência do discurso do 10 de Junho de 2019.
«Poupem-nos, pois, ao retorno aos “desígnios”
e às causas, ao unanimismo orgânico de Portugal, e a um discurso envenenado
mais pela impotência política do que pela razão. Para lutar contra a pobreza e
a exclusão não é preciso nenhuma causa, nem “desígnio”, nem bandeira, é preciso
lutar contra aquilo que a permite. E aqui, como é natural em democracia,
divergimos».
«Quem é que cria obstáculos às causas do
“pais que queremos”? No passado era o clericalismo, a monarquia, depois o
Estado novo a “balbúrdia” da política, e hoje, no discurso populista, as
elites. Quem são essas elites? Os políticos, os sindicalistas, os jornalistas,
por coincidência as únicas entidades que a democracia e a liberdade criou e
permite, a começar por aqueles que respondem perante o povo e o voto. Na lista
das elites, raras vezes entram os empresários, os tecnocratas “não políticos”,
os poderes fácticos da Igreja e do futebol, e tenho quase a certeza que se
fizesse uma lista nominal estariam lá os deputados, os dirigentes, os sindicalistas, os comentadores, embora não estivessem todos. Mas, já alguma
vez aqueles que hoje das elites incluíram a Associação industrial, ou a Confederação
da Industria, os Amorins, e os Pereira Coutinho, ou os Soares dos Santos, ou os
Melos, etc.? Mas certamente incluiriam a FENPROF e a CGTP. E no entanto a
maioria das decisões que condicionam a vida do país e o futuro dos jovens
condenados a salários baixos e ao trabalho precário, têm muito mais a ver com
essa elite, a começar na sua relação discreta com o poder politico».
Para ler o artigo completo
A
nostalgia das causas, Pacheco Pereira, Público, 15/06/2019.
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