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domingo, 30 de outubro de 2011

Sobre uma paisagem de ruínas.

«Partiram os homens, encerraram-se as minas, abandonaram-se os campos, os montes, as aldeias. Num horizonte de ruínas, Mértola é a excepção. Aqui as ruínas são tratadas como património histórico. Para que depois da invasão do «progresso» fique alguma coisa que nos lembre que aqui se viveu o esplendor do mundo mediterrânico.
(…)

E eis que, como sempre, regressa o velho dilema: como desenvolver sem destruir. Há uma visão que diz que qualquer coisa é melhor do que montes arruinados, aldeias despovoadas, minas encerradas, agricultura abandonada.

O problema é que nunca aparece alguém a defender a alternativa óbvia: a retoma da agricultura, a criação de empregos ligados ao mundo rural, a reabertura das minas, a recuperação do rio, a reconstrução dos montes e do património arruinado. Mértola é uma excepção. A toda a roda, os projectos só contemplam barragens, reservas de caça, urbanizações turísticas e campos de golfe.

Mas as ruínas, essas, permanecerão intocadas».
Texto de Miguel Sousa Tavares, 1997, Sul Viagens.

  

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